quarta-feira, 8 de maio de 2024

Competição Internacional

                                 

     


                                                        

A formação de dois blocos internacionais de potencial conflitante deve merecer a atenção, tanto como perigo quanto como oprtunidade.

Hoje, os Estados U|nidos e a União Européia se unem cultural, conômica e militarmente, assim dominando, de forma preponderante, o rumo do planeta. Contudo, seu caminho começa a ser contestado pela união da Rússia e China, ambas com o propósito de conter a uni-polariadade ameaçadora à seu desenvolvimento e indpendência política.

Cria-se, assim, um ambiente de crecente hostilidade, cuja intensidade parece ameaçar as relações pacíficas de interesse global.

Não há dúvida que a preferência pelo modelo democrático do primeiro Bloco seduz as nações de cultura Ocidental, dentre eles o Brasil. A posição geografia também tem forte importância, agravando ou atenuando as consequências de um potencial conflito. Estes, fatores nos aproximam mais ao Ocidente, que é nossa origem, do que ao Oriente, cujas diferenças culturais adicionam risco relevante. Porém, sob a ótica das oportunidades comerciais e econômicas, abre-se uma nova porta em direção ao Leste.

Quanto ao Brasil, sendo ele parceiro ideológico do bloco Ocidental, tem ele mantido boas relações comerciais, porém muito aquém do seu potencial, dado à barreiras tarifárias. Do outro lado do tabuleiro importantes benefícios comerciais já derivam das relações com o Bloco "asiático". O comércio brasileiro com este último vem superando, em muito, as transações com o Ocidente, o que aconselha manter e ampliar esta aproximação

Contudo, as relações entre nações não devem lastrear-se, tão sómente, no interesse comercial mas,sim, no conjunto de interesses, cultural, político, econômico e estratégico sem interferência do fator ideológico, de parte a parte. Assim sendo, a aproximação deverá seguir política que valorize suas exportações sem que fragilize a vocação brasileira de pertencimento ao entorno americano. Tais condições reforçam a longevidade dos tratados celebrados. 

Assim,  cabe à política externa brasileira manter as melhores relações com as potências envolvidas. É válida sua participação no "Bloco dos Pobres" por ser ele mais includente, quando o "Bloco dos Ricos" mantêm políticas que  privilegia barreiras tarifárias (USA) e reservas de mercado (UE) assim reduzindo  o fluxo comercial competitivo. 

Também importante, até o momento tais relações vem se mantendo sob o manto do interesse comercial, não havendo exigência por parte do Bloco China de contrapartidas político-ideológicas, neutralizando, desta forma, oposição mais robusta do Bloco USA.

Ao Brasil interessa a paz reinante e a plena liberdade no comercio internacional. Tal missão não será fácil face à dúvida quanto a perenidade de tal modelo, vista a inevitável competição comercial e ideológica que poderá contaminar ambos os Blocos, em busca da hegemonia.


quarta-feira, 1 de maio de 2024

Um Novo Oriente Médio?



Morando e estudando nos Estados Unidos por sete anos, em colégio e universidade, observei, com surpresa, o interesse limitado do corpo estudantil americano pelas  questões internacionais.

É verdade que naqueles longínquos idos não existiam o computador e, muito menos, as redes sociais. Estes instrumentos de globalização,  somente há pouco existentes, geram ativa polêmica, reação e protesto público. 

Neste momento, a rebelião em pról dos Palestinos, corretamente identificados como vítimas de cruel e injustificável massacre, abre novo capítulo na crônica universitária americana. Tal indignação não se limita a estes estudantes, mas espalha-se  mundo-a-fora contra o governo de  Netanyahu. Em sua defesa, são muitos os que capitulam tal revolta como  Anti Semitismo, não por erro de raciocínio mas sim por conveniência estratágica. Tal epíteto convém aos responsáveis pela crise humanitária ora em curso,  por oferecer ao injustificável massacre dos Palestinos esta falsa linha de defesa. 

Ora, o repúdio  ao cataclismo despejado sobre dezenas de  milhares de crianças e mulheres Palestinas nada tem de Anti-semítico. Trata-se, sim,  de repúdio civilizatório contra atos capitulados como crime pela Lei Internacional. 

No caso em questão não será admissível, na defesa de princípios morais e da lei da guerra, que os atos desumanos perpetrados tanto por Israel quanto, ainda que menor escala mas igualmente cruel, pelo Hamas, sejam tolerados. 

Também relevante ao cenário, pesa, também, a nova e formal  designação de Israel como Estado Judeu que altera o equilíbrio regional conquistado há décadas, e por criar barreiras adicionais à sua posição internacional. Do ponto de vista interno, vale a observação que tal mudança afeta a essência deste novo Estado. Assim fazendo, fragiliza o status dos não-Judeus, reduzindo-lhe direitos e identidade política, assim criando cidadãos de segunda classe com inevitável perda de significado político e, em decorrência, perda de competividade econômica.

Em profunda ironia histórica, de laico e moderno o Estado de Israel hoje abandona o movimento civilizatório do Ocidente, descarta a laicidade da Constituição para juntar-se à visão político-religiosa  de seus vizinhos Árabes e Persas. Os Textos Sagrados, como aquele citado por Netanyahu para justificar a aniquilação em Gaza dos homens, mulheres, crianças e animais, citando escritos em passado bíblico milenar, reflete o perigo de tal caminho. Ter-se-á, possivelmente, um retrocesso cultural ao reduzir-se a laicidade, fonte de iluminismo do desenvovimento mundial.

Parece a este autor que tal movimento tectônico no Oriente Médio terá consequências criando para o Ocidente nova fonte de instabilidade e angustia. 

domingo, 28 de abril de 2024

Aniversário

Neste mês de maio. este Blog cumprirá seus 12 anos, publicando mais de 2500 artigos, comentando sobre os meandros da política e as imprudências internacionais e, last but not least, reconhecer as infrequentes e boas surpresas que nosso Brazil e o Planeta nos trazem. Foram eles lidos 175.000 vezes por fiéis leitores, o que me causa sincero reconhecimento. 

Cumpre-me, pois, agradecer tal pasciência e leniência.

Apesar de meus 91 anos, não penso pendurar minhas chuteiras. para que possa, ocasionalmente, chutar as proverbiais canelas daqueles que mal querem à nossa terra e ao nosso bem estar.    

Um abraço do Pedro


O Celular Ubíquo


                                                                  O cerco do Planeta


Quase todos sabemos que os extremos devem ser evitados, visto a instabilidade latente que geram para sociedade, colocando  seus seguidores diante uma sequência de reações contrárias de itensidade semelhante. Tais reações podem ser instantâneas ou após décadas, mas o troco virá, não raro, talvez ainda mais intenso. 

Com o advento da era tecnológica, as reações que outrora eram de longa espera, ultrapassando, não raro, gerações, hoje, a instantâniedade e ubiquidade na disseminação destas informações alcançam todas as camadas sociais do planeta, gerando uma reação imediata, seja ela favorável ou contrária.  

Ainda no passado, os governos, no controle da disseminação das informações deturpavam os fatos de acordo com suas conveniências, assim amortecendo e conduzindo as reações na direção desejada.  Já nestes dias, a informação flui por canais privados, onde o acesso do individuo é irrestrito, assim dificultando sua manipulação. 

Compondo este novo quadro potencialmente contestatário, crescente será a influência de culturas extra-nacionais sobre o segmento alvo, dada a derrubada de barreiras entre as "comunidades celulares".

Se o governo é criado para reger e disciplinar atravéz das leis, por elas controlando o comportamento do cidadão, já a revolução cibernética cria um universo paralelo e proto-autônomo. Ele pensará e agirá de forma pessoal ou grupal, saciando seus interesses e desrespeitando os limites impostos pela sociedade  tradicional, formada pelos eleitos e as elites que compõem a res pública.   

Facilita-se, assim, atravéz das redes virtuais, a geração de incontáveis núcleos sociais e internacionais, com interesses de curto prazo em busca de gratificação imediata ou mediata, que possam ser acompanhados e realizados no dia a dia, assim reduzindo a energia coletiva voltada à objetivos nacionais e não grupais. 

Assim, forma-se um ambiente imediatista de cadente interesse temporal. Por resultado, a sociedade se desagrega em núcleos de interesses autônomos, não raro conflitantes, dificultando o objetivo de conjunto majoritário nacessário ao desenvolvimento comunitário e da Nação.

Exagero? Talvez. Trata-se de especulação desabrida tendo por objetivo gerar uma introspecção e um questionamento quanto ao futuro cibernético, cujas vantagens e ameaças estão por ser conhecidas.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Jogo de Espelhos




Antes da explosão tecnológica usava-se a bela expressão "Jogo de Espelhos"  para identificar a habitual tarefa de à outros enganar. O que parece ser não é. Hoje, os artificios eletrônicos são tantos que o velho espelho foi abandonado.

Transportado este conceito para a área internacional, dá-se o recente ataque israelense sobre a embaixada do Irã em Bahgdad causando a morte de 3 Generais iranianos. Ávida por notícias, e cumprindo com seu dever, jornais e televisões encheram as manchetes e artigos. 

Em seguida, a disproporcional retaliação do Irã ao assassinato ofereceu bem-vindos  motivos para criar um novo clima  conflituoso tão ao gosto da mídia internacional, assim criando eficaz movimento diversionário fazendo crer  que mais outra guerra estaria por acontecer.

E porque teria ocorrido, nestes dias, tal ataque comandado por Israel, uma vez que o histórico diferendo entre estes dois tradicionais inimigos estava em fase mais verbal do que letal? A resposta estaria no proverbial e perene conceito: "Vamos mudar de assunto!"

De fato, como por encanto, o massacre de 30.000 civís (incluido milhares de mulheres e crianças) em Gaza perdeu a prioridade para a mídia apesar de sua alta intensidade. Caindo em armadilha bem concatenada por Jerusalém, a imprensa abandona o Principal para cobrir o Secundário. E porque secundário? Porque são as vítimas relatadas apenas três militares iranianos. Porque a matança em Gaza continua enquanto nem no Irã nem em Israel sequer começou.

Hoje, como por encanto, a mídia pouco trata de Gaza. A avalanche de manchetes e artigos prioriza este renovado conflito, por sua vez, de baixa intensidade. Mas não, não foi "por encanto" e sim por  manobra  bem urdida  por Netanyahu e Cia. que, constatando a indignação mundial face ao horror que castiga Gaza e o profundo dano causado à imagem de Israel,  buscam novo alimento para a esfomeada imprensa internacional.

O efeito pode, hoje, ser por todos observado; parabéns, Bibi. Deu certo!

terça-feira, 16 de abril de 2024

O Planeta Inquieto




Ao observar o andar de nosso planeta, constatam-se diversos tumores em via de supuração. A revolução nos meios de comunicação turbina a competição eleitoral nas midias eletronicas, seja televisão, seja celular, onde a captura da atenção do eleitor impõem a maximização do efeito e a minimização do custo.

Assim, o apelo à emoção da massa eleitoral supera, em larga margem a eficácia do outrora discurso político. Ajustando-se à este nível intelectualmente mais modesto, a penetração no psyqué popular exige a simplificação da Idéia, dando ênfase à emoção, suplantando a reflexão. As redes sociais refletem a relevância dominante deste novo elemento ao quadro eleitoral. Em ambiente de frases curtas, refletindo reações mais do que reflexões, simplifica-se o  debate político. O imediatismo prevalece.  

No Brasil, os efeitos são sentidos, onde a recente competição eleitoral não soube encontrar candidatos à Presidência de qualidade. Sujeito aos apelos de dois candidatos de limitada abrangência intelectual, teve o quadro eleitoral brasileiro que optar por aquele que seria o "mal menor".  

Na Argentina, deu no que deu; um governo messiânico e uma oposição onde o fator emocional prevaleceu, redundou na desagregação política e em possível fracasso institucional.

Nos Estados Unidos tem-se um Biden, de boa índole porém atropelado pela idade, e um Trump dominado pela cobiça política e argentária, tendo a Presidência por salva-vida. Ainda, tem China e Russia como potencias nucleares e inimigas.

Na Grã Bretanha, vota-se o divórcio com a União  Europeia transforma-se numa luta pela sobrevivência, tornando a que foi a mais poderosa das nações em pequena provincia subsidiária dos Estados Unidos.

Na Russia, a maior potência nuclear, se joga o futuro politico da Europa, esta protegida pelas muralhas da União Europeia. Satisfará o Kremlin menter-se em suas fronteiras? É verdade que o único voto foi de Vladimir Putin

Já, como se plágio do livro "1984"  fosse, o poder emerge no Leste, dominado pela China, potência nuclear em busca de relevância internacional às expensas imediatas da India e do Japão e mediatas, dos Estados Unidos.

...este mundo não é para amadores...

quarta-feira, 10 de abril de 2024

O Golpe de 1967




Muito se fala do Golpe de 64 e pouco se fala da política destrutiva trazida por João Goulart nos idos d'aquele ano.

Impelido por febre demagógica, acometido de ímpeto distributivista infantil, anunciava ele o confisco de terras produtivas e empresas para doá-las ao lumpen despreparado para explorar e gerir a base da estrutura econômica brasileira. Pari passu, gerava a desídia nas forças armadas em discursos pregando e causando a quebra da disciplina dentre marujos e soldados.

O projeto de João Goulart levaria ao país a desestruturação de suas instituições, ao colapso da propriedade privada como pedra angular e, consequentemente, ao desmonte do ordenamento político, este substituido por um desgoverno em busca de novas regras e novos equilíbrios para uma República atônita e uma nova elite despreparada.

O Brasil fervia nestes dias de outono prevendo um gélido inverno sócio-político. Enquanto os núcleos contestatários espalhavam-se no entorno político, já a burguesia brasileira, intimidada pela violência dos discursos ameaçadores vindos tanto dos governantes quanto de setores radicais e incontidos, buscaram proteção nas Forças Armadas.

Estas não faltaram; Minas Gerais se rebela e suas tropas se dirigem ao Distrito Federal, arrastando consigo as tropas paulistas. No Rio, Jango foge e, em sinal de vitória, os tanques guarnecendo o palácio presidêncial aderem à Carlos Lacerda.    

Terá sido um Golpe Militar ou uma ação preservando a República brasileira, não restando à Nação outro instrumento que à protejesse? Apesar de instaurado um Regime de Exceção, a preservação do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e das eleições indiretas mantiveram a base necessária à redemocratização. E assim projetava o Gen. Humberto Castello Branco o retorno à democracia que, gradualmente permitiria o desmonte da repressão. 

Contudo, não era esta a visão do Alto Comando Militar, sob a direção do Gen. Costa e Silva. Ao tomar posse em 1967, este proclamou o Ato Institucional no. 5 onde as garantias constitucionais tornam-se  subordinadas aos atos de repressão. 

Talvez tenha sido esta a real data do Golpe. Em 18 de julho daquele ano morre Castello Branco em estranho acidente aéreo, em colisão com avião da FAB. Resta saber se, realizado o projeto de redemocratização defendido por Castello Branco,  evitaria ele as reações violentas de parte a parte que dilaceraram o Brasil nas décadas seguintes.    

No entanto, tendo por consequência um novo e próspero Brasil, este redemocratizado, com a Direita e Esquerda políticas em jogo regrado, alcançou o país novos índices de desenvolvimento dentro de um quadro social estabilizado e justo.